terça-feira, 22 de julho de 2008
no quieren callarse
no hay tiempo a perder
las veredas ya están abiertas
los surcos de los campos
quieren ser sembrados
el sol se hace presente
y la lluvia no tardará
pero, las manos lejos
de los arados
llevan el fuego de la muerte
bajo el hierro
de las armas
que no quieren callarse
© Antônio Jackson de S. Brandão
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Andreas Gryphius: vida e obra (1ª parte)
A infância, os infortúnios familiares e as vivências de Andreas Gryphius dentro de um contexto de guerra e perseguição
Dois anos antes de eclodir a Guerra dos Trinta Anos, e no ano da morte de William Shakespeare, a dois de outubro de 1616, nasce, em Glogau, na Silésia, Andreas Gryphius. Um ano antes, a cidade que já havia sido devastada por um incêndio, vive agora momentos de tensão entre os luteranos e autoridades católicas. O pai do poeta, Paul Gryphius, arquidiácono da igreja luterana, era dirigente da comunidade luterana local e não estava alheio aos apelos políticos que a ocasião se lhe apresentava, atuando ativamente na disputa religiosa.
Em 1621, chega a Glogau, fugindo, após sua derrota na Batalha da Montanha Branca, o rei protestante boêmio Frederico V, de quem Paul era simpatizante e única esperança na luta contra o Imperador. Entretanto, após a partida de Frederico V − em direção da Holanda − veio a desolação do pai de Gryphius, pois os sequazes do rei roubaram todos os objetos religiosos de prata da igreja de sua responsabilidade. Um sentimento de indignação, decepção e um profundo amargor tomam conta do pai do poeta. Paul morre repentinamente, em 5 de janeiro de 1621, quando Andreas Gryphius contava apenas cinco anos de idade.
Um ano após a morte do marido, em 12 de abril de 1622, Anna Erhard, que havia sido a terceira mulher do pai do poeta, casa-se com Michael Eder, que lecionava há pouco tempo em Glogau. Alguns meses depois, Gryphius torna-se testemunha da crueldade e da violência de mais de oito mil soldados que tomaram e saquearam a cidade, que é aquartelada durante muito tempo, sofrendo o ônus dessa constante permanência.
Em 21 de março de 1628, morre de tuberculose a mãe do poeta, que contava trinta e sete anos de idade. O poeta, com apenas onze anos, mal tem tempo de sentir a perda da mãe, pois acirraram-se as lutas religiosas em Glogau. Nesse momento, reiniciam-se as hostilidades entre católicos e luteranos, que culminaram com a imposição da fé católica a toda a cidade e o fortalecimento da política dos Habsburgos. A cidade é invadida pelo Regimento dos Dragões Lichtensteiner da Boêmia, que por meio de maus-tratos, imposições e ameaças obrigou seus habitantes a aceitarem o catolicismo. Àqueles protestantes que não quiseram aceitar a conversão, não restaria outra opção: deixar a cidade e buscar abrigo no Reino da Polônia. Além disso, os desterrados tinham de pagar uma “taxa de partida” de 10% de todos os seus bens e, além disso, tanto os garotos de quinze, quanto as garotas que ainda não tinham atingido os treze anos de idade e que tivessem bens, deveriam abandoná-los. O próprio Andreas Gryphius, com treze anos de idade, submete-se a essa disposição[1] e acompanha seu padrasto até Driebitz, uma pequena cidade na fronteira polonesa, onde Eder se torna pároco.
Driebitz não tem muito a oferecer ao jovem Gryphius, que complementa seus estudos em casa, onde foi preparado para prosseguir seus estudos no colégio. Optou-se por enviá-lo a Görlitz, mas devido a operações militares na região, o poeta dirige-se novamente a Glogau[2], ficando com seu irmão Paul. Em 24 de junho de 1631, parte da cidade de Glogau é consumida por um grande incêndio. Muitos prédios tornam-se pó e a peste grassa por toda a cidade, ceifando muitas vidas. Andreas Gryphius abandona-a.
Michael Eder torna-se pastor em Fraustadt. A cidade próxima a Lissa, além de oferecer proteção contra os infortúnios da guerra e de abrigar aqueles que fugiam à perseguição religiosa − os confrades da Boêmia, luteranos, católicos e judeus − era um local multiétnico, pois lá conviviam alemães, poloneses e tchecos.
Com 16 anos, Gryphius entra no colégio da cidade em 3 de junho de 1632. Ali, o poeta chega a tornar-se preceptor dos filhos de Caspar Otto, um médico local, entretanto a mulher desse, suas duas filhas e os três filhos morrem de peste. O próprio Otto fica paralítico e perde a audição. Tais desgraças não ficaram distantes da família de Gryphius, pois desde que Michael Eder casara-se pela segunda vez em 2 de setembro de 1629 com Maria Ribmann, o casal não fora feliz. Durante os seis primeiros anos do casamento, Maria engravidara, mas ou a criança nascia morta ou morria logo após o nascimento. Dessa forma, ela vê em Gryphius o filho que não conseguira ter e mostrava-se sempre compreensiva com ele.
Anna Ribmann morre em 2 de fevereiro de 1637, aos 25 anos de idade, também de tuberculose, como a mãe do poeta, que em seu Lissaer Sonnete exaltará suas virtudes e a tristeza por sua partida ainda tão jovem:
Ich fühl wie mir das Blutt in allen Gliedern wallt. (...) O aller Tugend Liecht! O Blume dieser Welt![3].
Gryphius apesar de todos os reveses, sentia-se obstinado pelos estudos e seus primeiros poemas chamavam a atenção de seus professores e colegas.
Fraustadt não podia ficar totalmente alheia aos acontecimentos que eclodiam na vizinha Silésia. A guerra seguia destruindo tudo a sua volta, além de disseminar a fome, a miséria e a peste, que chega às portas da cidade e as aulas no colégio são suspensas. Apesar disso, o poeta continua seus estudos em casa, acabando sua primeira obra poética, em 1633, escrita em latim, Herodis Furiae et Rachelis lacrymae, quando o poeta contava apenas 17 anos de idade.
Em 1634, Gryphius, juntamente com outros colegas de Fraustadt, dirige-se a um dos mais conhecidos centros acadêmicos da região: o colégio de Danzig (hoje Gdansk), prosseguindo aí seus estudos. A cidade era, naquele momento, uma das mais ricas e importantes da Europa, além de entreposto comercial e das importações e exportações da Polônia.[4] Nesse mesmo ano de sua chegada a Danzig, estava sendo reeditado o Buch von der deutschen Poeterey, de Opitz, tamanho era o interesse de seus habitantes em conhecer as novas regras da poética alemã. Diante dessa novidade poética, Andreas Gryphius começa a dar seus primeiros passos em direção a ela, escrevendo seus primeiros sonetos no idioma alemão apesar de prosseguir seu aprimoramento da língua latina, publicando em 1635 seu segundo poema épico também baseado em Herodes: Dei Vindicis Impetus et Herodis Interitus.
Estando em férias na casa de seu irmão, Gryphius conhece Schönborner, seu futuro benfeitor. Para angariar sua simpatia, dedica-lhe o poema Parnassus Renovatus, publicado em 1636, em Danzig. Georg Schönborner convida-o para ser o preceptor de seu filho na cidade de Schönborn. Na nova cidade, o poeta não negligencia o trabalho em seus poemas em língua alemã e no início de 1637 publica, na cidade polonesa de Lissa, sua primeira coletânea de sonetos, conhecida como Lissaer Sonette. Algum tempo depois, em julho de 1637, Gryphius foi testemunha do grande incêndio que consumiu a cidade de Freistadt, onde moravam seu irmão e sua cunhada que estava grávida, participando da infelicidade que sobre eles se abateu. A esse respeito Gryphius escreve um texto em prosa Fewrige Freystadt.
Schönborner promove, em 30 de novembro de 1637, uma festa em honra de Andreas Gryphius, quando este é aclamado poeta lauretus, recebendo uma coroa de louro da filha daquele[5], o título de mestre, de nobreza e seu próprio brasão[6]; apesar de pouco ter utilizado tal título, utilizará em alguns livros a indicação P.L.C. (poeta lauretus caesareus) como na edição dos Sonn- und Feyrtags-Sonnete, de 1639. Vale salientar que o título oferecido por Schönborner era legal, visto que tal prerrogativa baseava-se em um privilégio dado por Maximiliano I a todo conde-palatino, título que o protetor de Gryphius recebera ao converter-se ao catolicismo. Apesar de o ter perdido após a reconversão ao protestantismo[7], tal perda veio agravar seu estado de saúde.
O jovem poeta assiste seu protetor Schönborner que falece em 23 de dezembro de 1637, mas sua dedicação não foi em vão, pois por intermédio de sua viúva, Eva, Gryphius vai a Leiden, na Holanda realizar seus estudos universitários.
No final do ano de 1640, morre o irmão de Andreas Gryphius, Paul, que teve um papel importante na formação do jovem poeta, como demonstram os vários sonetos a ele dedicados, como o longo An seinen Herrn Bruder P. Gryphium [Ao senhor seu irmão P. Gryphius]. Alguns meses depois, morre sua irmã Anna Maria. Nesse momento, o próprio poeta teve sérios problemas de saúde, conforme descreveu em alguns de seus sonetos.
Após a conclusão de seus estudos universitários e de sua viagem pela Europa Ocidental, Gryphius retorna à Fraustadt, na Polônia, em 1647, após nove anos de permanência no exterior. Na Alemanha, a guerra ainda prosseguia e a Silésia estava ocupada pelas tropas suecas.
Em 27 de novembro de 1648, Gryphius fica noivo de Rosina Deutschländer, com quem se casa em 12 de janeiro de 1649. Seu casamento, todavia, não foi feliz, pois quatro dos sete filhos que teve: Konstantinus, Theodor, Maria e Elizabeth morreram muito cedo; Daniel, aos 24 anos durante uma viagem; Anna Rosina pára de crescer de repente aos cinco anos, perde a partir desse momento a audição e a memória; o único dos filhos de Gryphius que chegou à idade adulta foi Christian que também se torna poeta como o pai.
Em 1649, é concedido a Gryphius a função de síndico de Glogau, cargo que permanecerá até sua morte, que se deu durante uma audiência, acometido de um ataque de apoplexia em 16 de julho de 1664.
© Prof. Antônio Jackson de Souza Brandão
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[1] Cf.: SZYROCKI, Marian. pp. 15-16.
[2] Cf.: GRYPHIUS, Andreas. p. VIII.
[3] GRYPHIUS, Andreas. p. 22. [Tradução livre: Eu sinto como se fervesse o sangue de meus membros. (...) Ó luz de todas as virtudes! Ó flor desse mundo!]
[4] Cf.: SZYROCKI, Marian. p. 20.
[5] A filha de Schönborner, Elisabeth, tinha 14 anos, quando da coroação do poeta em 1637. Após a longa viagem pela Europa Ocidental, Gryphius dedicou-lhe vários poemas de amor, chamando-a, em seus sonetos, de Eugenie. Cf.: GRYPHIUS, Andreas. p. 247.
[6] Cf.: MAUSER, Wolfram. p. 9.
[7] Id Ibidem, p. 9.
Dois anos antes de eclodir a Guerra dos Trinta Anos, e no ano da morte de William Shakespeare, a dois de outubro de 1616, nasce, em Glogau, na Silésia, Andreas Gryphius. Um ano antes, a cidade que já havia sido devastada por um incêndio, vive agora momentos de tensão entre os luteranos e autoridades católicas. O pai do poeta, Paul Gryphius, arquidiácono da igreja luterana, era dirigente da comunidade luterana local e não estava alheio aos apelos políticos que a ocasião se lhe apresentava, atuando ativamente na disputa religiosa.
Em 1621, chega a Glogau, fugindo, após sua derrota na Batalha da Montanha Branca, o rei protestante boêmio Frederico V, de quem Paul era simpatizante e única esperança na luta contra o Imperador. Entretanto, após a partida de Frederico V − em direção da Holanda − veio a desolação do pai de Gryphius, pois os sequazes do rei roubaram todos os objetos religiosos de prata da igreja de sua responsabilidade. Um sentimento de indignação, decepção e um profundo amargor tomam conta do pai do poeta. Paul morre repentinamente, em 5 de janeiro de 1621, quando Andreas Gryphius contava apenas cinco anos de idade.
Um ano após a morte do marido, em 12 de abril de 1622, Anna Erhard, que havia sido a terceira mulher do pai do poeta, casa-se com Michael Eder, que lecionava há pouco tempo em Glogau. Alguns meses depois, Gryphius torna-se testemunha da crueldade e da violência de mais de oito mil soldados que tomaram e saquearam a cidade, que é aquartelada durante muito tempo, sofrendo o ônus dessa constante permanência.
Em 21 de março de 1628, morre de tuberculose a mãe do poeta, que contava trinta e sete anos de idade. O poeta, com apenas onze anos, mal tem tempo de sentir a perda da mãe, pois acirraram-se as lutas religiosas em Glogau. Nesse momento, reiniciam-se as hostilidades entre católicos e luteranos, que culminaram com a imposição da fé católica a toda a cidade e o fortalecimento da política dos Habsburgos. A cidade é invadida pelo Regimento dos Dragões Lichtensteiner da Boêmia, que por meio de maus-tratos, imposições e ameaças obrigou seus habitantes a aceitarem o catolicismo. Àqueles protestantes que não quiseram aceitar a conversão, não restaria outra opção: deixar a cidade e buscar abrigo no Reino da Polônia. Além disso, os desterrados tinham de pagar uma “taxa de partida” de 10% de todos os seus bens e, além disso, tanto os garotos de quinze, quanto as garotas que ainda não tinham atingido os treze anos de idade e que tivessem bens, deveriam abandoná-los. O próprio Andreas Gryphius, com treze anos de idade, submete-se a essa disposição[1] e acompanha seu padrasto até Driebitz, uma pequena cidade na fronteira polonesa, onde Eder se torna pároco.
Driebitz não tem muito a oferecer ao jovem Gryphius, que complementa seus estudos em casa, onde foi preparado para prosseguir seus estudos no colégio. Optou-se por enviá-lo a Görlitz, mas devido a operações militares na região, o poeta dirige-se novamente a Glogau[2], ficando com seu irmão Paul. Em 24 de junho de 1631, parte da cidade de Glogau é consumida por um grande incêndio. Muitos prédios tornam-se pó e a peste grassa por toda a cidade, ceifando muitas vidas. Andreas Gryphius abandona-a.
Michael Eder torna-se pastor em Fraustadt. A cidade próxima a Lissa, além de oferecer proteção contra os infortúnios da guerra e de abrigar aqueles que fugiam à perseguição religiosa − os confrades da Boêmia, luteranos, católicos e judeus − era um local multiétnico, pois lá conviviam alemães, poloneses e tchecos.
Com 16 anos, Gryphius entra no colégio da cidade em 3 de junho de 1632. Ali, o poeta chega a tornar-se preceptor dos filhos de Caspar Otto, um médico local, entretanto a mulher desse, suas duas filhas e os três filhos morrem de peste. O próprio Otto fica paralítico e perde a audição. Tais desgraças não ficaram distantes da família de Gryphius, pois desde que Michael Eder casara-se pela segunda vez em 2 de setembro de 1629 com Maria Ribmann, o casal não fora feliz. Durante os seis primeiros anos do casamento, Maria engravidara, mas ou a criança nascia morta ou morria logo após o nascimento. Dessa forma, ela vê em Gryphius o filho que não conseguira ter e mostrava-se sempre compreensiva com ele.
Anna Ribmann morre em 2 de fevereiro de 1637, aos 25 anos de idade, também de tuberculose, como a mãe do poeta, que em seu Lissaer Sonnete exaltará suas virtudes e a tristeza por sua partida ainda tão jovem:
Ich fühl wie mir das Blutt in allen Gliedern wallt. (...) O aller Tugend Liecht! O Blume dieser Welt![3].
Gryphius apesar de todos os reveses, sentia-se obstinado pelos estudos e seus primeiros poemas chamavam a atenção de seus professores e colegas.
Fraustadt não podia ficar totalmente alheia aos acontecimentos que eclodiam na vizinha Silésia. A guerra seguia destruindo tudo a sua volta, além de disseminar a fome, a miséria e a peste, que chega às portas da cidade e as aulas no colégio são suspensas. Apesar disso, o poeta continua seus estudos em casa, acabando sua primeira obra poética, em 1633, escrita em latim, Herodis Furiae et Rachelis lacrymae, quando o poeta contava apenas 17 anos de idade.
Em 1634, Gryphius, juntamente com outros colegas de Fraustadt, dirige-se a um dos mais conhecidos centros acadêmicos da região: o colégio de Danzig (hoje Gdansk), prosseguindo aí seus estudos. A cidade era, naquele momento, uma das mais ricas e importantes da Europa, além de entreposto comercial e das importações e exportações da Polônia.[4] Nesse mesmo ano de sua chegada a Danzig, estava sendo reeditado o Buch von der deutschen Poeterey, de Opitz, tamanho era o interesse de seus habitantes em conhecer as novas regras da poética alemã. Diante dessa novidade poética, Andreas Gryphius começa a dar seus primeiros passos em direção a ela, escrevendo seus primeiros sonetos no idioma alemão apesar de prosseguir seu aprimoramento da língua latina, publicando em 1635 seu segundo poema épico também baseado em Herodes: Dei Vindicis Impetus et Herodis Interitus.
Estando em férias na casa de seu irmão, Gryphius conhece Schönborner, seu futuro benfeitor. Para angariar sua simpatia, dedica-lhe o poema Parnassus Renovatus, publicado em 1636, em Danzig. Georg Schönborner convida-o para ser o preceptor de seu filho na cidade de Schönborn. Na nova cidade, o poeta não negligencia o trabalho em seus poemas em língua alemã e no início de 1637 publica, na cidade polonesa de Lissa, sua primeira coletânea de sonetos, conhecida como Lissaer Sonette. Algum tempo depois, em julho de 1637, Gryphius foi testemunha do grande incêndio que consumiu a cidade de Freistadt, onde moravam seu irmão e sua cunhada que estava grávida, participando da infelicidade que sobre eles se abateu. A esse respeito Gryphius escreve um texto em prosa Fewrige Freystadt.
Schönborner promove, em 30 de novembro de 1637, uma festa em honra de Andreas Gryphius, quando este é aclamado poeta lauretus, recebendo uma coroa de louro da filha daquele[5], o título de mestre, de nobreza e seu próprio brasão[6]; apesar de pouco ter utilizado tal título, utilizará em alguns livros a indicação P.L.C. (poeta lauretus caesareus) como na edição dos Sonn- und Feyrtags-Sonnete, de 1639. Vale salientar que o título oferecido por Schönborner era legal, visto que tal prerrogativa baseava-se em um privilégio dado por Maximiliano I a todo conde-palatino, título que o protetor de Gryphius recebera ao converter-se ao catolicismo. Apesar de o ter perdido após a reconversão ao protestantismo[7], tal perda veio agravar seu estado de saúde.
O jovem poeta assiste seu protetor Schönborner que falece em 23 de dezembro de 1637, mas sua dedicação não foi em vão, pois por intermédio de sua viúva, Eva, Gryphius vai a Leiden, na Holanda realizar seus estudos universitários.
No final do ano de 1640, morre o irmão de Andreas Gryphius, Paul, que teve um papel importante na formação do jovem poeta, como demonstram os vários sonetos a ele dedicados, como o longo An seinen Herrn Bruder P. Gryphium [Ao senhor seu irmão P. Gryphius]. Alguns meses depois, morre sua irmã Anna Maria. Nesse momento, o próprio poeta teve sérios problemas de saúde, conforme descreveu em alguns de seus sonetos.
Após a conclusão de seus estudos universitários e de sua viagem pela Europa Ocidental, Gryphius retorna à Fraustadt, na Polônia, em 1647, após nove anos de permanência no exterior. Na Alemanha, a guerra ainda prosseguia e a Silésia estava ocupada pelas tropas suecas.
Em 27 de novembro de 1648, Gryphius fica noivo de Rosina Deutschländer, com quem se casa em 12 de janeiro de 1649. Seu casamento, todavia, não foi feliz, pois quatro dos sete filhos que teve: Konstantinus, Theodor, Maria e Elizabeth morreram muito cedo; Daniel, aos 24 anos durante uma viagem; Anna Rosina pára de crescer de repente aos cinco anos, perde a partir desse momento a audição e a memória; o único dos filhos de Gryphius que chegou à idade adulta foi Christian que também se torna poeta como o pai.
Em 1649, é concedido a Gryphius a função de síndico de Glogau, cargo que permanecerá até sua morte, que se deu durante uma audiência, acometido de um ataque de apoplexia em 16 de julho de 1664.
© Prof. Antônio Jackson de Souza Brandão
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[1] Cf.: SZYROCKI, Marian. pp. 15-16.
[2] Cf.: GRYPHIUS, Andreas. p. VIII.
[3] GRYPHIUS, Andreas. p. 22. [Tradução livre: Eu sinto como se fervesse o sangue de meus membros. (...) Ó luz de todas as virtudes! Ó flor desse mundo!]
[4] Cf.: SZYROCKI, Marian. p. 20.
[5] A filha de Schönborner, Elisabeth, tinha 14 anos, quando da coroação do poeta em 1637. Após a longa viagem pela Europa Ocidental, Gryphius dedicou-lhe vários poemas de amor, chamando-a, em seus sonetos, de Eugenie. Cf.: GRYPHIUS, Andreas. p. 247.
[6] Cf.: MAUSER, Wolfram. p. 9.
[7] Id Ibidem, p. 9.
domingo, 20 de julho de 2008
muñeca de piedra
los cañones en una
nueva era
no escupirán el fuego mortal
pero semillas
para aquellos pueblos
olvidados en tierras distantes
cuyo suelo hay infinitas riquezas
como la sonrisa franca
de la niña que juega con una
muñeca de piedra…
quizás habrá aviones que lanzarán
agua para aplacar la sed
del viejo que no supe que era lluvia:
esperanza para su futuro
tan cerca de la tierra
y que también semilla será
de una nueva era
© Antônio Jackson de S. Brandão