quarta-feira, 2 de novembro de 2011

pele


tudo
tudo é relativo na vida
tudo
tudo depende do ponto de vista...
pensamentos díspares
visões recalcadas
(mas, que é recalque?)
imagens não trilhadas:
veladas
de um mundo aberto
seu
único
latente
inocente...
cada um é um mundo
que se esconde sob um velame de pele
e que busca
aquilo que se
convencionou chamar
felicidade!

© Antônio Jackson de S. Brandão

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Roberta


Olhos azuis,
Azul olhar para o mar,
Céu azul,
Mar azul...
Sua respiração
Mostra-me a ação de
Ir e vai
Boca vermelha,
Vermelho fogo
Que arde em teu peito:
Que peito!
Pernas longas:
Ondas do oceano.
Quartos: que quartos!
A pele alva
sob a blusa marrom
sorriso claro
quer um afago!
As pernas jogadas
Pelo ar, abertas,
buscando prazer.
...
São Paulo, 17/10/1993

© Antônio Jackson de S. Brandão

Quero gritar


Olho e não vejo nada
conversas se perdem
no ar,
risos vazios...
Lá fora a lua é cheia
eu aqui dentro estou cheio!

Que fazer?
Não há mais limites,
não há mais nada!
Prole dos proletários
não conseguem enxergar:
mais uma década perdida!
Sem revolução,
a renovação não virá,
mas a exploração,
o vício,
a fome...

Sim, há outras formas...
Quero gritar: estou rouco
os cabelos brancos
aparecem lentamente,
dia-a-dia
como cria...

Mais uma década perdida!
Quero gritar:
a voz sumiu
tenho pena
a ponte é de três cordas:
talvez não saiam do lugar!
Mas e os de trás?
Não sei, sei lá:
vão pular!

Quero ter raiva,
tenho pena.
Gritar já não dá
o tempo levou minha voz
ficou o vazio no escuro,
mas a lua está
cheia
e o céu aberto:
frases soltas pairam no ar!

São Paulo, 12/05/1998

© Antônio Jackson de S. Brandão

Poeta



(A Federico Garcia Lorca)
Num povo qualquer,
Homens surgem
Que como loucos
Buscam intentos novos
Sonham em altivez
E querem ver o coração
Como um balão,
Que com o calor
da amizade e sinceridade,
Voe alto, muito alto.

Mas para que seu tempo
Perder?
Por que crer
Se tantos não querem ver?
Não, não se importam,
Seu ideal é maior que o
Os não do mundo inteiro,
Fazem-se surdos
aos apelos do mundo...
E à luta se dirige
Levando e brincando
com palavras,
Amadas e temidas
Por elitistas que de uns
tiram o prazer...

Homens são
Que como os deuses criam e
renovam a criação.
Alimentam outros seus,
Para que cheguem aos céus
sem véus,
sem escuridão e ilusão.
Como num passe de magia
abrem o caderno,
se fazem de sérios...
Dão alegria sem putifaria!
Os anjos invejam-lhes,
Não criam,
Não mudam,
São mudos,
e surdos e surdos-mudos
Num mundo
de não surdos,
de não mudos,
De ceitos e preconceitos
com eses e aqueles...
Pra eles não...
Pra eles não há diferença,
não há tirania,
deve haver alegria...
E criam palavras,
E fazem alardia,
E fazem gritaria
Se a paz não vier,
Se o pobre não come,
Se o menino não dorme...

É um aperto no sapato
dos safados coroados
de arrogância,
de petulância e
opulência, por isso
lhes calam a voz,
lhes tiram a caneta,
lhes prendem a vida,
lhes matam...
Entretanto
o calo mais aperta,
Pois a voz já gritou,
A caneta já escreveu,
A vida já viveu
E a morte não ceifou
seus sonhos,
seu amor,
sua liberdade criadora
e transformadora...

© Antônio Jackson de S. Brandão