sábado, 21 de janeiro de 2012

Forró na rua


O forró toca no rádio,
as portas escancaradas
dão às muriçocas espaço
para que sedentas procurem
sua vítimas

A lua cheia chama
a atenção: quer brilhar na noite!
Os casais estão na rua
abraçados,
corpos colados, corações dispersos
vampiros de novas emoções

A brisa balança
as árvores suavemente
e suas folhas caem no chão
de nossa mente

O suor escorre,
as nuvens da lua se enamoram
ela nem se importa
majestosa que é

O forró correndo solto,
a poeira que se alevanta
os perfumes se encontram,
se misturam
inebriando o salão:
ah que calor!
O tesão sobe aos ares,
chega à lua
que o invejando se deixa
enamorar...

Nesse enleio uma fina garoa
cai: resultado do amor...
Que prazer! Mas não se deixam
levar

O forró contamina as ruas:
janelas se abrem,
as estrelas sorriem
brilhando por entre as nuvens
enamoradas da lua...

As muriçocas também fazem
sua própria festa:
sugam sangue
até encherem a pança...
levam porrada
e vão felizes e satisfeitas
ao muricitério

Parnaíba/PI, 17/1/1995

© Antônio Jackson de Souza Brandão

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sol e sal


Fogo, mar, ar.
Luz, luar, sonhar...
Vento lento.
Consolo; solo vazio,
céu aberto, sorriso franco,
hálito puro:
Você...
Ondas que beijam a praia,
Chuva que me abraça agora
sentindo o vazio do escuro
buscando
um porto seguro:
Você...
Quem, alguém,
além de mim,
aquém d’agora
numa hora qualquer...
Estrela a brilhar:
Fogo.
Sal a cortar sob o sol:
Mar.
Pulmões a respirar:
Ar.
Pupilas se contraem:
Luz.

No céu do grande astro refletir:
Luar.
Criar, viver, humano ser:
Sonhar.
Ficar na praia, sob o céu,
ver estrelas, sentir o mar,
o luar a brilhar
junto ao fogo que aquece,
o vento que transparece a...
desejar,
a ver
e querer...
Você.

São Paulo, 03/03/1992

© Antônio Jackson de Souza Brandão

domingo, 15 de janeiro de 2012

estou triste


sentimento estranho
mistura de tantas
outras sensações...
na areia levantamos castelos
dedicamos instantes preciosos
de um tempo perdido em meio ao mar bravio
esquecemos, porém, que a
maré se levanta
e o que era eterno é carregado
pra longe de nós...
amizades amores carinhos
cultivamos uma rosa preciosa em botão, um descuido
a lagarta a devora
regressamos, sorriso nos lábios, ela se abriu!
já não está mais lá se foi, foi tirada
pra longe muito longe...
que dor sentimos, a tristeza inunda
o castelo de nosso coração
nem os amigos restaram:
nossas palavras se foram e já não os atingem mais

© Antônio Jackson de Souza Brandão