sábado, 15 de outubro de 2011

bajo el mar


el río busca el mar
las sierras, el cielo
el verde en el agua se quiere envolver
siente el cariño del cielo
se mezclan en una profunda profusión
de aromas
de colores
de calores
el pez se refresca bajo el sol
el hombre, bajo el mar

© Antônio Jackson de S. Brandão

a laranja amarelou


havia tantos sonhos
via os campos floridos
animais fantásticos e águas límpidas
de marrom passeava Francisco
pequenininho gigante
andava só
buscava pedras para amolecer
algum coração de marfim
me buscava atrás dos montes
cobertos de neve
ia a ele, mas nunca chegava
cada vez mais longe
mais branca minha cabeça
se tornava:
veio o sol e esmaeceu a neve
de lama meus pés se encharcaram
meus passos que chegavam longe
diminuíram o ritmo
cada vez mais longe via Francisco
que me acenava:
o menino se foi
a laranja amarelou e caiu do pé

© Antônio Jackson de S. Brandão

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A pulga


a pulga pulava,
pulava, pulava
a pulga dormia,
dormia, dormia
o sangue sugava
sugava, sugava
se bastava, se enchia...
a pulga pulava,
pulava, pulava
ficava com fome
no pescoço corria,
corria, corria
pulava pro braço,
pro braço, pro braço
no abraço ela estava,
estava, estava
o casal se divertia,
divertia, divertia
a pulga pulava,
pulava, pulava
o rapaz se enroscava,
enroscava, enroscava
a garota se coçava,
coçava, coçava
e a pulga pulava,
pulava, pulava
o casal brincava,
brincava, brincava
a bola rolava,
rolava, rolava
o cara à blusa tira,
tira, tira
a cara, também,
também, também
a pulga? isolada,
isolada, isolada
foi logo avistada,
avistada, avistada
... pausa ...
foi apanhada,
estourada, calada
... reinício ...

São Paulo, 29/10/1991

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Mar seco


Mar, sol, vestidos,
o calor, as árvores, o chão
nos fazem ver
com os olhos dos corpos-poros.

Vestidos floridos, estampas diversas,
Meninas mulheres são
e se deixam levar pelo embalo
das ondas...

Seus cabelos voam,
são levados pela brisa do mar.
Ondas, curvas, pernas, rostos.
As ondas vêm e vão;
curvas perigosas que sentimos com as mãos;
pernas que transpiram
cheiros diferentes que dos olhos exalam,
que são enigmáticos,
oblíquos dum outro sorriso
de lábios escarlates, ardentes, voláteis...

Do cinza ao azul,
do rosa ao vinho transmudam-se
em dezenas cores.

Curvas perigosas, mistérios envolventes
Juntos a diferentes abismos.
Toques, retoques nos rostos inmanchados.
Escaladas diárias
em caminhos tortuosos,
cavernas não mais veladas,
outras... Ah! outras
que procuram legítimos desbravadores...

Mar seco, sangue quente,
corpo úmido, lágrimas nos olhos,
suspiros alegres:
vestidos floridos com flores naturais,
a pele branca
à luz das imortais velas.
O fogo sobe às têmporas,
o suor escorre,
o frêmito que corre no leito ao se deitar:
lá a árvore é derrubada,
a mata é incendiada,
porém
nova vida pode surgir,
pois do chão atapetado de vermelho escarlate
surge...
Surge se o mar não é seco,
Em mar seco não dá peixe.

Aurich/Alemanha