segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poeta



(A Federico Garcia Lorca)
Num povo qualquer,
Homens surgem
Que como loucos
Buscam intentos novos
Sonham em altivez
E querem ver o coração
Como um balão,
Que com o calor
da amizade e sinceridade,
Voe alto, muito alto.

Mas para que seu tempo
Perder?
Por que crer
Se tantos não querem ver?
Não, não se importam,
Seu ideal é maior que o
Os não do mundo inteiro,
Fazem-se surdos
aos apelos do mundo...
E à luta se dirige
Levando e brincando
com palavras,
Amadas e temidas
Por elitistas que de uns
tiram o prazer...

Homens são
Que como os deuses criam e
renovam a criação.
Alimentam outros seus,
Para que cheguem aos céus
sem véus,
sem escuridão e ilusão.
Como num passe de magia
abrem o caderno,
se fazem de sérios...
Dão alegria sem putifaria!
Os anjos invejam-lhes,
Não criam,
Não mudam,
São mudos,
e surdos e surdos-mudos
Num mundo
de não surdos,
de não mudos,
De ceitos e preconceitos
com eses e aqueles...
Pra eles não...
Pra eles não há diferença,
não há tirania,
deve haver alegria...
E criam palavras,
E fazem alardia,
E fazem gritaria
Se a paz não vier,
Se o pobre não come,
Se o menino não dorme...

É um aperto no sapato
dos safados coroados
de arrogância,
de petulância e
opulência, por isso
lhes calam a voz,
lhes tiram a caneta,
lhes prendem a vida,
lhes matam...
Entretanto
o calo mais aperta,
Pois a voz já gritou,
A caneta já escreveu,
A vida já viveu
E a morte não ceifou
seus sonhos,
seu amor,
sua liberdade criadora
e transformadora...

© Antônio Jackson de S. Brandão

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