quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mulher


à DSS

Sentidos sem razão,
vícios desfeitos,
coração sem batidas
que são estranhas,
mas que queimam nossas entranhas!
Mulher de olhar suspenso,
boca que revela
o hálito morno d’alegria.
Suspirar não dá,
cabelo que envolve
a fronte amena
por trás de seu sorriso.

Cegueira paixão
que ontem conheci menina
e hoje, mulher...

Mulher de braços ardentes
de mãos suaves:
envolventes, sensuais...
que nos prende
nos enleios do fervor,

Não, não quero escrever emoção,
porém a secura
é estéril,
não nos deixa às claras dizer.

Que é às claras?
Podemos da escuridão
ver a verdade
impressa nos olhos
escusos da luz!

Ah mãos-olhos que veem
melhor que o tato
no fato dali.

E noites que perdemos
E o tempo que passou,
mas não levou
a sensação de
juntos estarmos!

Roda, roda vento!
Tempo, tempo corra!
Nos leve para longe
para o campo de paredes brancas,
quero ver o vestido voar
e com ele seu cabelo.
Anda, anda meu bem
deixa que eles voem...
Sua alma
a vejo também voar,
seus braços quero
sentir.
© Antônio Jackson de S. Brandão

São Paulo, 15/5/1994

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