terça-feira, 30 de agosto de 2011

gado manso


gado manso, gado manso
vem pastar , gado manso
tu és algibeira
dos que podem, dos que têm...
vem gado manso, vem.
conheces aquele curral,
foi feito pra ti, gado manso.
vem, vem , gado manso.
tu que te alegras de saber
que a madeira é podre
mas que, pensas tu, quando quiseres
é só sair...
não é, gado manso ?
até parece ser verdade,
não é gado manso ?
Mas...
e as rédeas que não
te deixam mover de per si ?
come, bebe, caga, gado manso !
amanhã terás a recompensa:
nem teus chifres escaparão
gado manso !
nem a bosta do curral,
nada,
nem a dor ou a luta
que não lutaste
nem a lágrima que sequer derramaste.
nada,
pois quem és tu, gado manso ?
somente uma
pequena peça de xadrez
nas mãos d’alguns...

São Paulo, 17/11/1992

© Jack Brandão

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