sábado, 28 de janeiro de 2012
O carneiro tristonho
O carneiro tristonho
no cercado
anda de um lado a outro
desolado.
Sozinho e um tanto
incomodado:
Para! Olha para lá:
cerca.
Olha para cá:
mato.
Conversa com as formigas,
Conversa com os tatus.
Desculpa-se do capim
e o come,
senão morre
de fome.
A garoa que cai,
e o carneiro que vai!
O morro que sobe,
à procura de um gole.
Sua cara preta
vê o horizonte:
Comendo e vendo...
A terra é marrom,
a lã é marrom,
Vai andando.
Na corrente que o prende
tropeça e cai como
indigente.
Levanta-se e cai,
A perna quebrou...
Mas vai,
Não se importou...
Berrou, berrou:
Ninguém se importou...
Chorou, chorou:
Ninguém o consolou...
E vai,
e foi...
São Paulo, maio/1992
© Antônio Jackson de Souza Brandão
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